21 maio 2006

NO REINO DE "BIBLOS" (2) - O Fim da Biblioteca de Alexandria

O FIM DA BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA

Durante uns sete séculos, a biblioteca de Alexandria reuniu o maior acervo de cultura e ciência que existiu na antigüidade, não se limitando a ser apenas um enorme depósito de rolos de papiro e de livros, mas tornando-se uma fonte de investigação para os homens de ciência e de letras que desbravassem o mundo do conhecimento e das emoções, deixando assim um notável legado para o desenvolvimento geral da humanidade.
Nos seus primeiros três séculos, da fundação à chegada de César, consta que as estantes, partindo dos 200 rolos iniciais do tempo de Filadelfo, chegaram a acomodar mais de 700 mil textos em volumes diversos.
No ano de 391, na época de grande intolerância religiosa de Teodósio o Grande, um cristão fundamentalista, o Bispo Teófilo, Patriarca de Alexandria, mobilizou os seus seguidores para a demolição do Templo de Serapium e da soberba biblioteca àquele anexa , que via como um depósito dos males do paganismo e do ateísmo
Não é possível dizer se em 642 d.C., data em que os árabes ocuparam a cidade, a Biblioteca e o Museu ainda existiam na sua forma clássica. Pensa-se que terá sido nesta época que os livros da biblioteca terão sido destruídos, pois eram contrários à fé do povo árabe. O Califa Omar terá ordenado ao Emir Amr Ibn Al que procedesse à destruição dos livros que não estivessem de acordo com o Corão, justificando a bárbara destruição com estas palavras: «Se os escritos dos Gregos concordam com as Sagradas Escrituras, não são necessários; se não concordam, são nocivos e devem ser destruídos».
A destruição da biblioteca de Alexandria é um acontecimento de consequências incalculáveis. Sepultando para sempre a esmagadora maioria das obras da Antiguidade clássica (por exemplo, das 800 peças de comédia grega apenas restam algumas obras de Plauto e Menandro), o incêndio da Biblioteca de Alexandria constitui um dos mais dramáticos acontecimentos de toda a História da cultura.
Como escreve Carl Sagan: “Existem lacunas na História da Humanidade que nunca poderemos vir a preencher. Sabemos, por exemplo, que um sacerdote caldeu chamado Berossus terá escrito uma História do Mundo em três volumes, na qual descrevia os acontecimentos desde a Criação até ao Dilúvio (período que ele calculava ser de 432 mil anos, cerca de cem vezes mais do que a cronologia do Antigo Testamento!). Que segredos poderíamos desvendar se pudéssemos ler aqueles rolos de papiro? Que mistérios sobre o passado da humanidade encerrariam os volumes desta biblioteca?”(1)
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